GRÉCIA ANTIGA

 

Grécia Antiga é o termo geralmente usado para descrever, em seu período clássico antigo, o mundo grego e áreas próximas (como Chipre, Turquia, Sicília, sul da Itália e costa do Mar Egeu, além de assentamentos gregos no litoral de outros países). Não existe uma data fixa ou sequer acordo quanto ao período em que iniciou-se e terminou a Grécia Antiga. O uso comum situa toda história grega anterior ao Império Romano como pertencente a esse período, mas os historiadores usam a expressão Grécia Antiga de modo mais preciso. Alguns escritores incluem o período minóico e o período micênico (entre 1600 a.C. e 1100 a.C.) dentro da Grécia Antiga, enquanto que outros argumentam que essas civilizações eram tão diferentes das culturas gregas posteriores que, mesmo falando grego, devem ser classificadas à parte.

Tradicionalmente, período da Grécia Antiga abrange desde o ano dos primeiros Jogos Olímpicos em 776 a.C. (alguns historiadores estendem o começo para o ano de 1000 a.C.) até a morte de Alexandre Magno em 323 a.C. O período seguinte naquela região da Europa é o do Helenismo.

Estas datas são convenções dos historiadores e alguns autores chegam mesmo a considerar a Grécia Antiga presente até o advento do Cristianismo, no terceiro século da era cristã.

A Grécia Antiga é considerada pela maioria dos estudiosos como a base da cultura da Civilização Ocidental. A cultura grega exerceu poderosa influência sobre o império romano, que se encarregou de repassá-la a diversas partes da Europa. A civilização grega antiga teve influência imensa na linguagem, na política, no sistema educacional, na filosofia, na ciência, na tecnologia, na arte, e na arquitetura do mundo moderno, particularmente durante a renascença da Europa ocidental e durante os diversos reviveres neoclássicos dos séculos XVIII e XIX, na Europa e Américas.

Conceitos como cidadania e democracia são de origem grega, ou pelo menos de pleno desenvolvimento na mão dos gregos.

Um dos mais expressivos monumentos do período antigo é o Partenon, templo com colunas dóricas, construído no século V a.C., entre os anos 447 e 438 A.C., no ponto mais alto da cidade, a Acrópole, e dedicado à deusa protetora da cidade, Athenea Párthenos. A construção foi projetada pelos arquitetos Calícrates e Ictinos de Mileto. Suas linhas arquitetônicas serviram de inspiração para a construção de muitos outros edifícios em todo o mundo.

Qualquer história da Grécia antiga requer cautela na consulta à fontes. Os historiadores e escritores políticos cujos trabalhos sobreviveram ao tempo eram, em sua maioria, atenienses ou pró-atenienses, e todos conservadores. Por isso se conhece melhor a história do estabelecimento e desenvolvimento de Atenas do que a história das outras cidades; além disso, esses homens concentraram seus trabalhos mais em aspectos políticos (e militares e diplomáticos, desdobramentos daqueles), ignorando o que veio a se conhecer modernamente por história econômica e social. Toda a história da Grécia antiga precisa dar estar atenta à condução parcial pelas fontes.

Origens

Os gregos clássicos provavelmente se originaram de povos que migraram para a península balcânica em diversas ondas, com início no terceiro milênio a.C. Entre os povos invasores, merecem destaque os aqueus - os pioneiros - , os jônicos, os eólios,os pelascos, todos povos indo-arianos provenientes da Europa Oriental. As populações invasoras são em geral conhecidas como "helênicas", pois sua organização clânica fundamentava-se, no que concerne à mística, na crença de que descendiam do deus Heleno, filho de Deucalião e Pirro. A última das invasões foi do povo dório, já em fins do segundo milênio a.C. O período entre 1600 e 1100 é geralmente descrito como Grécia Micênica; os dórios foram responsáveis pela destruição dessa civilização, que tinha por principais cidades Micenas, Tirinto, Tebas, Esparta, estabelecida pelo povo aqueu. Os dórios eram guerreiros nômades e conhecedores da metalurgia do ferro, o que lhes permitiu dominar facilmente os aqueus. Esses, por sua vez, tinham dominado o sul da península graças ao conhecimento do fabrico do bronze. No entanto, devido a sua cultura rudimentar, a Grécia mergulhou em um período de semi-civilização conhecido como "Idade das Trevas", até o oitavo século a.C. Aquele período também é agrupado sob "Tempos Homéricos", uma vez que a única fonte de informação sobre ele é derivada dos poemas do famoso poeta. Com a invasão dória os povos que então viviam no território grego iniciaram um processo de êxodo da região, conhecido como Primeira Diáspora Grega. A origem das cidades gregas remonta à própria organização dos invasores, especialmente dos aqueus, que se agrupavam nos chamados ghené (ghenos, no singular). Os ghené eram essencialmente comunidades tribais, que cultuavam seus deuses na acrópole (local elevado). A vida econômica dessas grandes famílias ou ghené era, a princípio, baseada em laços de parentesco e cooperação social. A terra, a colheita e o rebanho pertenciam à comunidade. Havia uma liderança política na figura do pater, um membro mais velho e respeitado. Diversos ghené agruparavam-se em fratarias, e diversas fratarias em tribos. Alguns supõem que, ao longo do tempo, o crescimento da população nessas comunidades tenha sido superior ao crescimento da produção alimentar. Diante desse desequilíbrio e procurando garantir melhores condições de vida, alguns grupos teriam se destacado, passando a manejar armas e a ter domínio sobre as melhores terras e rebanhos. Esses grupos acumularam riqueza, poder e propriedade como resultado da divisão desigual das terras do ghené, considerando-se os melhores -- aristoi, em grego. Assim, foram diferenciando-se da maioria da população e dissolvendo a vida comunitária do ghené. Essas transformações sociais estavam na origem da formação da pólis, a cidade grega.

A Hélade

No oitavo século a.C a Grécia começou a emergir da Idade das Trevas que se seguiu à queda da civilização micênica. Inicia-se, assim, o chamado Período Arcaico. A escrita micênica havia sido perdida, bem como a cultura escrita deixara de ter sentido; entretanto, os gregos adaptaram o alfabeto fenício para seu idioma e a partir de cerca de 800 a.C os registros escritos reapareceram. A Grécia era ainda dividida em pequenas províncias com autonomia, em razão das condições topográficas da região: cada planície, vale ou ilha é isolada de outra por cadeias de montanhas ou pelo oceano.

Com a recuperação econômica após o interlúdio dório, a população grega cresceu além da capacidade de produção das terras agriculturáveis, e a partir de 750 a.C. os gregos iniciaram um longo processo de expansão, firmando colônias em várias regiões. Ao leste, a costa Egéia da Ásia Menor foi colonizada, seguindo-se Chipre e as costas da Trácia, o Mar de Mármara, e a costa sul do Mar Negro. Eventualmente, a colonização grega atingiu a Ucrânia. A oeste chegou até à Albânia, Sicília e sul da Itália, seguindo a colonização depois para a costa meridional da França, a Córsega, e a Espanha, a nordeste. Também apareceram colônias gregas no Egito e na Líbia.

Segundo estimativas de Mogens Herman Hansen, a população da civilização grega se expandiu de 600,000 no século VIII a.C, para em torno de 9 milhões, no século IV a.C.

Como efeitos da colonização, podem ser citados o desenvolvimento de uma classe rica formada por mercadores (o comércio internacional desenvolvera-se a partir de então), uma grande classe média de trabalhadores assalariados, artesãos e armadores. A indústria naval se desenvolveu, obviamente, passando a consumir crescente quantidade de madeiras das florestas gregas. O padrão de vida na Grécia melhorou acentuadamente, o tamanho médio das residências encontradas por arqueólogos aumentou 5 vezes durante um período que começou no século VIII e se estende até o século IV, a expectativa de vida aumentou em vários anos, assim como a altura média, o que indica um melhor padrão vida. No século IV, a Grécia já era a economia mais avançada do mundo e com um nível de desenvolvimento extremamente incomum para uma economia pré-industrial.

Houve concentração fundiária, em algumas cidades essa concentração levou a revoltas e tiranias, em outras a aristocracia manteve o controle graças a legisladores inclementes.

A partir do século VI a.C., a Hélade começa a dominar lingüística e culturalmente área maior do que o próprio limite geográfico da Grécia. As colônias não eram controladas politicamente pelas cidades que as fundavam, apesar de manterem vínculos religiosos e comerciais com aquelas. Predominava entre os gregos sempre a organização de comunidades independentes, e a cidade (pólis) tornou-se a unidade básica do governo grego.

Com o avanço da colonização esgotando os territórios disponíveis, houve a adoção, primeiro em Creta e depois em outras cidades-estado da Grécia, da prática da pederastia, num esforço para resolver definitivamente o problema da superpopulação. A partir de suas origens ritualísticas na pré-história dos povos indo-europeus, a pederastia foi ganhando importância e tornou-se parte importante da cultura helênica, influenciando a pedagogia, guerra e vida social.

Sociedade e organização política

Os historiadores que observam o território grego atual sabem que, em certa medida, essa região foi palco de muitos acontecimentos da antiga civilização grega. Porém são inúmeras as diferenças entre a Grécia de hoje e a Grécia antiga.

O mundo grego antigo estendia-se por uma área muito maior do que o território grego atual. Além disso, há outra diferença básica. Hoje, a Grécia constitui um país, cujo nome oficial é República Helênica. Já a Grécia antiga nunca foi um estado unificado com governo único. Era um conjunto de cidades estado independentes, que tinham governo, leis e características sociais próprias embora a maioria das cidades estado tinham seus sistemas econômicos parecidos com a exceção de Esparta.

Os gregos se autodenominavam helenos. Nunca chamaram a si mesmos de gregos, pois esta palavra é de origem latina, sendo-lhes atribuída pelos romanos.

Cronologia

Por razões didáticas, a história grega costuma ser dividida nos seguintes períodos:

  • Obscuro (1150-800 a.C.): chegada dos aqueus, dórios, eólios e jônios; formação dos génos; ausência da escrita.
  • Arcaico (800-500 a.C.): formação da pólis; colonização grega; aparecimento do alfabeto fonético, da arte e da literatura além de progresso econômico com a expansão da divisão do trabalho do comércio, da indústria e processo de urbanização.
  • Clássico (500-338 a.C.): o período de esplendor da civilização grega, ainda que discutível. As duas cidades consideradas mais importantes desse período foram Esparta e Atenas, além disso outras cidades muito importantes foram, Tebas, Corinto e Siracusa.
  • Helenístico (338-146 a.C.): crise da pólis grega, invasão macedônica, expansão militar e cultural helenística, a civilização grega se espalha pelo mediterrâneo e substituí e se funde a outras culturas.

 

Pólis: a cidade-estado grega

Desde o século VIII a.C., formaram-se pela Grécia antiga diversas cidades independentes. Em razão disso, cada uma delas desenvolveu seu próprio sistema de governo, suas leis, seu calendário, suas moedas. Essas cidades eram chamadas de pólis, palavra grega que costuma ser traduzida por "cidade-estado".

De modo geral, a pólis reunia um agrupamento humano que habitava um território cuja extensão geralmente variava entre 1.000 e 10.000 km². Compreendia uma área urbana e outra rural. Atenas, por exemplo, tinha 2.500 km², Siracusa tinha 5.500 km² e Esparta se estendia por 7.500 km².

A área urbana freqüentemente se estabelecia em torno de uma colina fortificada denominada acrópole (do grego, akrós = alta; pólis = cidade). Nessa área concentrava-se o centro comercial e manufatureira. Ali, muitos artesãos e operários produziam tecidos, roupas, sandálias, armas, ferramentas, metais artigos em cerâmica e vidro etc. Na área rural a população dedicava-se às atividades agropastoris: cultivo de oliveiras, videiras, trigo, cevada e criação de rebanhos de cabras, ovelhas, porcos e cavalos. Este agrupamento visava atingir e manter uma completa autonomia política e social para com as outras POLIS gregas, embora existisse muito comércio e divisão de trabalho entre as cidade gregas, Atenas por exemplo, importava 80% de seus alimentos, incluindo 100% de seus cereais e exportava azeite, chumbo, prata, bronze, cerâmica e vinho. No mundo grego encontramos diversas pólis, como, por exemplo, Messênia, Tebas, Mégara e Erétria. As principais características de Atenas e Esparta serão mencionadas mais adiante.

A maioria das cidades estado gregas eram pequenas, com populações de aproximadamente 20 mil habitantes na sua área urbana ou menos. Mas as principais cidades eram bem maiores, no século IV a.C., essas cidades eram Atenas, com estimados 170 mil habitantes em sua área urbana, Siracusa, com aproximadamente 150 mil habitantes e Corinto, com mais de 100 mil habitantes. Esparta tinha apenas 40 mil habitantes em sua área urbana, sendo uma cidade estado pouco urbanizada em relação as outras.

Atenas era a maior e mais rica cidade da Grécia Antiga durante só séculos V e IV a.c, existem relatos da época que reportam um volume comercial externo (soma das importações e exportações das cidades do Império Ateniense) da ordem de 180 milhões de dramas atícos, valor duas vezes superior ao orçamento do governo do poderoso Império Persa na mesma época.

Colonização grega

Do século VIII até o século VI a.C, inúmeros gregos deixaram suas cidades e partiram para diversas regiões do litoral do Mediterrâneo e do mar Negro, onde fundaram novas cidades, as colônias, as quais chamavam de apoíkias, palavra que pode ser traduzida por "abrir uma nova casa".

São muitas as causas apontadas pelos historiadores para explicar essa expansão colonizadora grega. Grande parte dessas causas relaciona-se a questões sociais originadas por problemas de posse de terra e dificuldades na agricultura.

As melhores terras eram dominadas por famílias ricas (os aristoi). A maioria dos camponeses cultivava solos pobres cuja produção de alimentos era insuficiente para atender às necessidades de uma população em crescimento. Para fugir à miséria, muitos gregos migravam em busca de terras para plantar e de melhores condições de vida, fundando novas cidades.

Assim, no primeiro momento, a principal atividade econômica das colônias gregas foi a agricultura. Posteriormente, muitas colônias transformaram-se em centros comerciais, dispondo de portos estratégicos para as rotas de navegação.

A colonização grega favoreceu o desenvolvimento da navegação marítima, impulsionou o comércio e a produção manufatureira, contribuiu para o intercâmbio cultural dos gregos com outros povos.

No século IV a.C., após vários séculos de desenvolvimento, a civilização hellenica clássica havia atingido seu ápice, se tornando uma civilização altamente urbanizada e desenvolvida, era a mais avançada civilização de sua época. Sob vários aspectos, era a mais avançada civilização até os tempos modernos.

Os gregos tinham conflitos e diferenças entre si, mas, por outro lado, muitos elementos culturais comuns os integravam. Falavam a mesma língua (apesar dos diferentes dialetos e sotaques) e tinham base religiosa comum, que se manifestava na crença nos mesmos deuses. Em função disso, reconheciam-se como helenos (gregos) e chamavam de bárbaros os estrangeiros que não falavam sua língua e não tinham seus costumes, ou seja, os povos que não pertenciam ao mundo grego (Hélade).

Jogos Olímpicos

Um exemplo de atividade cultural comum entre os gregos foram os Jogos Olímpicos.

A partir de 776 a.C., de quatro em quatro anos, os gregos das mais diversas cidades reuniam-se em Olímpia para a realização de um festival de competições. Esse festival ficou conhecido como Jogos Olímpicos ou Olimpíadas.

Os jogos olímpicos eram realizados em honra a Zeus (o mais importante deus grego) e incluíam provas de diversas modalidades esportivas: corridas, saltos, arremesso de disco, lutas corporais. Além do esporte havia também competições musicais e poéticas.

Os Jogos Olímpicos eram anunciados por todo o mundo grego dez meses antes de sua realização. Os gregos atribuíam tamanha importância a essas competições, que chegavam a interromper guerras entre cidades (trégua sagrada) para não prejudicar a realização dos jogos. Pessoas dos lugares mais distantes viajavam para Olímpia a fim de assistir aos jogos. Havia, entretanto, proibição à participação das mulheres, seja como esportistas, seja como espectadoras. Conta-se o caso de uma mulher que, vestida com roupas masculinas, disfarçou-se de treinador para entrar no ginásio e ver seu filho lutar. O filho venceu a prova e a mãe, comemorando a vitória, deixou cair seu disfarce. Descobriram que era mulher. Apesar disso, foi perdoada em consideração a seu pai, irmãos e filho, que eram campeões olímpicos.

Os atletas que participavam das competições eram respeitados pelos gregos em geral. O prêmio para os vencedores era uma coroa, feita com ramos de oliveira. Receber esse prêmio era uma glória para o atleta. As cidades recepcionavam os vitoriosos com festas e homenagens.

Os Jogos Olímpicos da Antigüidade foram celebrados até o ano de 393 d.C., quando o imperador romano Teodósio I, que era cristão, mandou fechar o templo de Zeus, em Olímpia, provavelmente para combater cultos não-cristãos.

Quinze séculos depois, um amante do esporte, o educador francês Pierre de Fredy, o barão de Coubertin (1836-1937), empreendeu esforços para restaurar os Jogos Olímpicos. Sua "causa" obteve simpatia e adesão internacionais. Em 1896, foram realizados em Atenas os primeiros Jogos Olímpicos da época contemporânea.

As atuais Olimpíadas, também realizadas de quatro em quatro anos, reunindo atletas de diversos países do mundo, procuram preservar o ideal de unir os povos por meio do esporte.

Esparta: O governo oligárquico

Esparta localizava-se na península do Peloponeso, numa região que tinha terras apropriadas para o cultivo da vinha e da oliveira. Nunca teve uma área urbana importante. Era uma cidade de caráter militarista e oligárquico.

O governo de Esparta tinha como um de seus principais objetivos fazer de seus cidadãos modelos de soldados, bem treinados fisicamente, corajosos e obedientes às leis e às autoridades.

A sociedade espartana dividia-se em três categorias principais: esparciatas, periecos e hilotas.

Os esparciatas eram os cidadãos espartanos, que permaneciam à disposição do exército ou dos negócios públicos, podendo participar do governo da cidade. Eram os proprietários da terra e não podiam exercer o comércio. Deviam dedicar sua vida ao estado espartano.

Os periecos, assim como os esparciatas, eram homens livres, mas dedicavam-se principalmente ao comércio e ao artesanato. Descendiam dos povos conquistados pelos esparciatas e não tinham direitos politicos nem participavam dos órgãos do governo. Pagavam impostos ao Estado.

Os hilotas viviam presos à terra dos esparcitas, sendo duramente explorados. Deviam cultivar essa terra a vida inteira e não podiam ser expulsos de seu lugar. Com seu trabalho, sustentavam os cidadãos (esparciatas). Desprezados socialmente, promoviam freqüentes revoltas contra o Estado. Para controlar as revoltas e manter os hilotas sob clima de terror, os espartanos organizavam expedições anuais de extermínio(criptias), que consistiam na perseguição e morte dos hilotas considerados perigosos.

Analisando a situação dos esparciatas, periecos e hilotas, alguns historiadores afirmam que os periecos, por dominar o comércio e o artesanato, podiam enriquecer, desfrutando de certo conforto material e liberdade. Os esparciatas, por sua vez, cumpriam obrigações tão pesadas em relação ao Estado que se tornaram vítimas de suas próprias instituições. Quanto aos hilotas, sua vida era marcada pela opressão e miséria.

 

O poder dos esparciatas

Esparta era governada por dois reis, um pertencente, tradicionalmente, à família dos Àgidas e o outro à família dos Euripôntides. Entre suas funções, destacavam-se os serviços de caráter militar e religioso. Em tempo de guerra, um dos reis exercia o comando dos exércitos.

A administração política era exercida, também, por três órgãos. O primeiro deles, chamado Gerúsia, era o concelho vitalício de Anciãos, constituído pelos dois reis e mais 28 esparciatas maiores de 60 anos. Tinha funções administrativa (supervisão), legislativa (elaboração de projetos de lei) e judiciária (tribunal superior). O segundo era a Ápela, assembléia formada por cidadãos espartanos maiores de 30 anos. Elegia os membros da Gerúsia e aprovava ou rejeitava as leis encaminhadas por eles. O terceiro órgão era o Conselho dos Éforos, grupo formado por cinco membros eleitos anualmente pela Ápela. Os éforos, com mandato de um ano, eram verdadeiros chefes do governo espartano: coordenavam as reuniões da Gerúsia e da Ápela e controlavam a vida econômica e social da cidade, podendo vetar os projetos de lei e fiscalizar as atividades dos reis.

 

Educação dos espartanos

O objetivo principal da educação espartana era transformar os jovens em bons soldados, capazes de manter a segurança da cidade. Nesse treinamento educacional eram muito importantes os treinamentos físicos, como salto, corrida, natação, lançamento de disco e dardo.

As mulheres espartanas recebiam educação quase igual à dos homens, participando dos torneios e atividades esportivas. O objetivo era dotá-las de um corpo forte para gerar filhos sadio e vigorosos.

Ao nascer, a criança espartana era inspecionada por membros do governo, que verificavam seu estado de saúde. Se fosse saudável, merecia os cuidados do Estado. Se fosse doente ou apresentasse alguma deficiência física ou mental, podia ser imediatamente morta.

De acordo com Plutarco (50-120 d.C.), quando nascia uma criança espartana, pendurava-se na porta da casa um ramo de oliveira (se fosse um menino) ou uma fita de lã (se nascesse uma menina). Havia rituais privados de purificação e reconhecimento da criança pelo pai, além de uma festa de nascimento conhecida como genetlia, na qual o recém-nascido recebia um nome e presentes de parentes e amigos. (Cf. Maria Beatriz B. Florenzano. Nascer, viver e morrer na Grécia antiga)

A partir dos 7 anos, os pais (cidadãos) não mais comandavam a educação dos filhos. As crianças eram entregues à orientação do Estado, que tinha professores especializados para esse fim. Vejamos alguns dos métodos da educação espartana, tendo como base o relato dos historiadores gregos Xenofonte (A constituição dos lacedemônios) e Plutarco (A vida de Licurgo).

Em lugar de proteger os pés com calçados, as crianças eram obrigadas a andar descalças, a fim de aumentar a resistência dos pés. Usavam um só tipo de roupa o ano inteiro, para que aprendessem a suportar as oscilações do frio e do calor.

A alimentação era bem controlada. Se alguma jovem sentisse fome em demasia, era permitido que furtasse para conseguir alimentos. Castigavam-se, entretanto, aqueles que fossem apanhados roubando.

Uma vez por ano, os meninos eram chicoteados em público, diante do altar de Ártemi (deusa grega vingativa, a quem se ofereciam muitos sacrifícios). Essa cerimônia constituía uma espécie de concurso público de resistência à dor física.

Na adolescência, os jovens eram encarregados dos serviços de segurança na cidade. Qualquer cidadão adulto podia vigiá-los e puni-los. O respeito aos mais velhos era regra básica. Às refeições, por exemplo, os jovens deviam ficar calados, só respondendo de forma breve às perguntas que lhes fossem feitas pelos adultos.

Com 20 anos, o jovem espartano entrava no exército. Mas só aos 30 anos de idade adquiria plenos direitos políticos, podendo, então, participar da Assembléia dos Cidadãos (Ápela).

Para o historiador italiano Franco Cambi, a educação desenvolvida em Esparta e Atenas constitui dois modelos educativos diferentes. Em Esparta, a perspectiva militar orientava a formação de cidadãos-guerreiros, defensores do Estado. Já em Atenas, predominava um tipo de formação mais livre e aberta, que, de modo mais amplo, valorizava o indivíduo e suas capacidades.

A educação em Atenas

Em Atenas, apesar de as mulheres também serem educadas para as tarefas de mãe e esposa, a educação era tratada de outra forma, pois até mesmo nas classes mais pobres da sociedade ateniense encontrava-se homens alfabetizados.eles eram instruídos para cuidarem não só da mente como também do corpo, o que lhes davam vantagem na hora da guerra, pois eram tão bons guerreiros quanto estrategistas.

 

Fonte: Wikipédia