CIVILIZAÇÃO INCA

O Império Inca (Tawantinsuyu em Quíchua) foi um estado-nação que existiu na América do Sul de cerca 1200 até a invasão dos conquistadores espanhóis e a execução do imperador Atahualpa em 1533. O império incluía regiões desde o extremo norte como o Equador e o sul da Colômbia, todo o Peru e a Bolívia, até o noroeste da Argentina e o norte do Chile. A capital do império era a atual cidade de Cuzco (em Quíchua, "Umbigo do Mundo"). O império abrangia diversas nações e mais de 700 idiomas diferentes sendo o mais falado o Quíchua.

Ruínas de Ingapirca, no Equador, na província de Canãr.

Precedentes

Pesquisas ainda em andamento (dezembro de 2004) já comprovam a existência de uma civilização avançada "Norte Chico" estabelecida em três vales ao norte de Lima, capital do Peru, que teriam ascendido em cerca de 3000 a.C. e perturado por cerca de 1.200 anos até sua queda. Esta cultura já construía pirâmides de até vinte e seis metros de altura e grandes complexos cerimoniais. Parece certo que mais de vinte centros populacionais competiam entre sí para produzir a arquitetura mais impressionante. Há provas de que a cultura do "Norte Chico" tinha religião de culto antropomórfico, praticava a agricultura irrigada e o comércio, notadamente troca de algodão plantado por peixe, com povos das planícies. Por volta de 1800 a.C. este povo deixou a região, possivelmente propagando seus avançados conhecimentos, podendo haver alguma relação com o surgimento da cultura posterior que se estabeleceu no vale do rio Casma. Posteriormente (cerca de 800 a.C.) surge em "Chavin de Huantar" o embrião do estado teocrático andino; do ano 50 a circa 700 a civilização Civilização Mochica|Mochica floresce e aproximadamente no ano 1.000 explode a cultura Civilização de Tiahuanaco|Tiahuanaco. O período de máxima expansão do Império Inca ocorre a partir do ano 1450 quando chegou a cobrir a região andina do Equador ao centro do Chile, com mais de 3000 quilômetros de extensão.

Religião

Os incas contruíram diversos templos consagrados às suas divindades. Alguns dos mais famosos são o Templo do Sol em Cuzco, o templo de Vilcashuaman, o templo do Aconcágua (a montanha mais alta da América do Sul) e o Templo do Sol no Lago Titicaca. O Templo do Sol em Cuzco foi construído com pedras encaixadas de forma fascinante. Esta construção tinha uma circunferência de mais de 360 metros. Dentro do templo havia uma grande imagem do sol. Em algumas partes do templo haviam incrustrações douradas representando espigas de milho, lhama|lhamas e punhados de terra. Porções das terras incas eram dedicadas ao deus do sol e administradas por sacerdotes.

 

Lugares Sagrados

A religião era dualista, constituidas de forças do bem e do mal. O bem era representado por tudo aquilo que era importante para o homem como a chuva e a luz do Sol e o Mal, por forças negativas, como a seca e a guerra.

Os huacas, ou lugares sagrados, estavam espalhados pelo território inca. Huacas eram entidades divinas que viviam em objetos naturais como montanhas, rochas e riachos. Líderes espirituais de uma comunidade usavam rezas e oferendas para se comunicar com um huaca para pedir conselho ou ajuda.

 

Sacrifícios

Os incas ofereciam sacrifícios tanto humanos como de animais nas ocasiões mais importantes, maioria das vezes em rituais ao nascer do sol. Grandes ocasiões, como nas sucessões imperiais, exigiam grandes sacrifícios que poderiam incluir até duzentas crianças. Não raro as mulheres a serviço dos templos eram sacrificadas, mas a maioria das vezes os sacrifícios humanos eram impostos a grupos recentemente conquistados ou derrotados em guerra, como tributo à dominação. As vítimas sacrificiais deviam ser fisicamente íntegras, sem marcas ou lesões e preferencialmente jovens e belas.

De acordo com uma lenda, uma menina de dez anos de idade chamada Tanta Carhua foi escolhida pelo seu pai para ser sacrificada ao imperador inca. A criança, supostamente perfeita fisicamente, foi enviada a Cusco onde foi recebida com festas e honrarias para homenagear-lhe a coragem e depois foi enterrada viva em uma tumba nas montanhas andinas. Esta lenda prescreve que as vítimas sacrificiais deveriam ser perfeitas, e que havia grande honra em conhecerem e serem escolhidas pelo imperador, tornando-se, depois da morte, espíritos com caráter divino que passariam a oficiar junto aos sacerdotes. Antes do sacrifício, os sacerdotes adornavam ricamente as vítimas e davam a ela uma beberagem chamada chicha com efeitos entorpecentes.

Festivais

Os Incas tinham um calendário de trinta dias, no qual cada mês tinha o seu próprio festival.

Os meses e celebrações do calendário são os seguintes:

Gregoriano Mês Inca Tradução
Janeiro Huchuy Pacoy Pequena colheita
Fevereiro Hatun Pocoy Grande colheita
Março Pawqar Waraq Ramo de flores
Abril Ayriwa Dança dos jovens maize
Maio Aymuray Canção da colheita
Junho Inti Raymi Festival do Sol
Julho Anta Situwa Purificação terrena
Agosto Qapaq Situwa Sacrifício de purificação geral
Setembro Qaya Raymi Festival da rainha
Outubro Uma Raymi Festival da água
Novembro Ayamarqa Procissão dos mortos
Dezembro Qapaq Raymi Festival magnífico
 

 

Costumes Funerais

Os incas acreditavam na reencarnação. Aqueles que obedeciam a regra, ama sua, ama llulla, ama chella (não roube, não minta e não seja preguiçoso), quando morressem iriam viver ao calor do sol enquanto os desobedientes passariam os dias eternamente na terra fria.

Os incas também praticavam o processo de múmia mumificação, especialmente das pessoas falecidas mais proeminentes. Junto às múmias era enterrado uma grande quantidade de objetos do gosto ou utilidade do morto pacarina. De suas sepulturas, acreditavam, as múmias mallqui poderiam conversar com ancestrais ou outros espíritos huacas daquela região. As múmias, por vezes eram chamadas a testemunhar fatos importantes e presidir a vários rituais e celebrações. Normalmente o defunto era enterrado sentado.

FONTE: Andean Worlds (Mundos Andinos), Kenneth Andrien. 2001.

Sociedade

Infância

A infância de um inca pode parecer severa para os padrões modernos. Quando um bebê nascia os incas o lavavam com água fria e o embrulhavam numa manta e posto numa cova cavada no chão. Quando a criança alcançava um ano de idade, se esperava que andasse ou ao menos engatinhasse sem qualquer ajuda. Aos dois anos de idade, as crianças eram submetidas a um ritual no qual se lhes cortavam os cabelos determinando assim o fim da infância. Desde então era esperado pelos pais que ajudassem em tarefas ao redor da casa. A partir daí as crianças eram severamente castigadas quando se portavam mal. Aos quatorze anos os meninos eram vestidos com uma tanga sendo então declarados adultos. Os meninos mais pobres eram submetidos a vários testes de resistência e de conhecimento ao fim dos quais eram-lhes atribuídos adornos (brincos) coloridos e armas. As cores dos brincos determinavam o lugar hierárquico que ocupariam na sua sociedade.

A Organização do Império

O Império Inca tinha uma organização de caráter feudalista na qual todos os níveis da sociedade pagavam tributos ao imperador, conhecido como O Inca. O Inca era divinizado sendo carregado em liteiras com grande pompa e estilo. Usava roupas, cocares e adornos especiais que demonstravam sua superioridade e poder. Ele reivindicava seu poder dizendo-se decendente de deuses (origem divina do poder real).Abaixo do Inca haviam outras quatro principais classes de cidadãos . A primeira era a familia real, nobres líderes militares e líderes religiosos. Estas pessoas controlavam o Império Inca e muitos viviam em Cuzco. A seguir, estavam os governadores das quatro províncias em que o Império Inca era dividido. Eles tinham muito poder pois organizavam as tropas, coletavam os tributos cabendo-lhes impor a lei e estabelecer a ordem. Abaixo dos governadores estavam os oficiais militares locais, responsáveis pelos julgamentos menos importantes e a resolução de pequenas disputas podendo inclusive atribuir castigos. Mais abaixo estavam os camponeses que eram a maioria da população .

O começo do Império Inca

Os incas, originários das montanhas do Peru, expandiram o seu controle a quase toda região dos Andes, na América do Sul. A civilização inca alcançou seu apogeu no século XV sob Pachacuti. Entre suas realizações culturais está a arquitetura, a construção de estradas, pontes, e engenhosos sistemas de irrigação.

Imperadores Incas

O primeiro imperador Inca foi Manco Capac, que reinou por volta do ano 1200. Os detalhes de vários dos primeiros imperadores foram perdidos durante a invasão Espanhola.

  • 1200 d.C. ~ Manku Qhapaq
  • Sinchi Ruka ou Sinchiroca
  • Lluqi Yupanki ou Lluqui Yupanqui
  • Mayta Qhapaq ou Maita Capac
  • Qhapaq Yupanki ou Capac Yupanqui
  • Inka Ruka ou Inca Roca
  • Yawar Waqaq
  • Wiraqucha Inka ou Viracocha
  • 1438 – 1471 ~ Pachakutiq|Pachakutiq Inka Yupanki ou Pachacutic Inca Yupanqui
  • 1471 – 1493 ~ Tupaq Inka Yupanki ou Tupac Inca Yupanqui
  • 1493 – 1527 ~ Wayna Qhapaq ou Huayna Capac
  • 1527 – 1532 ~ Waskhar ou Huáscar
  • 1532 – 1533 ~ Ataw Wallpa ou Atahualpa

Expansão do Império Inca

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O imperador Pachacuti foi o homem mais poderoso da antiga América já que enviou várias expedições para conquista de terras. Quando os oponentes se rendiam eram bem tratados mas quando resistiam havia pouca clemência. Com as conquistas Pachacuti acrescentava não apenas mais terras ao seu domínio como guerreiros sob seu comando. Sendo talentoso diplomata, antes das invasões, Pachacuti enviava mensageiros para expor as vantagens de os povos conquistados se unirem pacificamente ao império Inca. O acordo proposto era de que, se os dominados cedessem suas terras, manteriam um controle local exercido pelos dignatários locais que seriam tratados como nobres do Império e seus filhos seriam educados em troca da integração ao Império e plena obediência ao Inca.

Os incas tinham um Incan army exército muito bem treinado e organizado. Quando os incas conquistavam um lugar, o povo era sumetido a tributação pela qual prestavam serviços designados pelos conquistadores. Os incas encorajavam as pessoas a se juntarem ao Império e quando isto ocorria eram sempre bem tratadas. Serviços postais eram então estabelecidos por mensageiros (chasquis) que entregavam mensagens oficiais (quipus) e mensagens entre as maiores cidades. Notícias também eram veículadas pelo sistema Chasqui na velocidade de 125 milhas por dia. Os incas também promoviam a mudança de populações conquistadas como parte da criação a "Rodovia Inca", que foi idealizada para ser usada nas guerras, para o transporte de bens e outros propósitos. Esta troca de populações (manay) acabou promovendo a troca de informações e propagação da cultura Inca. Todo o Império Inca foi unido por excelentes estradas e pontes.

 

Organização do Império

Os incas incumbiam os dominados do trabalho que cada um deveria executar, o quanto e qual terra poderiam cultivar e quão longe poderiam viajar. (ver planned economy). Depois de se adaptar, a tais regras eram bem vistas pelos dominados. Se um inca era acusado de furto mas isto não era provado, o próprio oficial local incumbido de manter a ordem era punido por não fazer seu trabalho corretamente. Inválidos e incapazes eram auxiliados a prover sua subsistência com trabalho. Às mulheres casadas eram distribuídas meadas de lã para confecção de roupas. Todos os incas eram obrigados a trabalhar para o Império e para os seus deuses domésticos.(mita).

Os incas não tinham liberdade de viajar e os filhos sempre tinham de seguir o ofício dos pais. O Império Inca foi dividido em quatro partes. Todas as atividades dos habitantes eram supervisionada pelos funcionários do Império. Os incas não chegaram a desenvolver uma escrita e todas as informações eram transmitidas de forma oral khipu. Haviam entretanto aparatos de registro assemelhados a seqüências de nós em fios de lã que entretanto ainda não foram decifrados.

Música

Os incas tocavam música em tambores e instrumentos de sopro que incluem as flautas, flauta de pan e trombetas feitas de conchas marinhas ou de cerâmica.

Arte e Artesanato

Os incas produziam artefatos destinados ao uso diário ornados com imagens e detalhes de deuses. Era comum na cultura Inca o uso de formas geométricas abstratas e representação de animais altamente estilizados no feitio de cerâmicas, esculturas de madeira, tecidos e objetos de metal. Eles produziam belos objetos de ouro e as mulheres produziam tecidos finos com desenhos surpreendentes

Culinária, Moeda, Vestuário e Medicina

Agricultura

No apogeu de civilização inca, cerca de 1400, a agricultura organizada espalhou-se por todo o império, desde a Colômbia até o Chile, com o cultivo de grãos comestíveis da planície litorânea do pacífico, passando pelos altiplanos andinos e adentrando na planície amazónica oriental. Calcula-se que os incas cultivavam cerca de setecentas espécies vegetais. A chave do sucesso da agricultura inca era a existência de estradas e trilhas que possibilitavam uma boa distribuição das colheiras numa vasta região. As principais culturas vegetais eram as batatas (semilha), batatas doce (batatas), milho, pimentas, algodão, tomates, amendoim, mandioca, e um grão conhecido como quinoa. O plantio era feito em terraços e já usavam a adiantada técnica das curvas de nível sendo os primeiros a usar o sistema de irrigação. Os incas usavam varas afiadas e arados para revolver o solo, e usavam também a lhama para transporte das colheitas embora tais animais fornecessem também lã para fazer tecidos, mantas e cordas, couro e carne. Ervas aromáticas e medicinais também eram plantadas e as folhas de [coca eram reservadas para a elite. Toda a produção agrícola era fiscalizada pelos funcionários do império.

Caça

Os incas usavam o arco de flechas e zarabatanas para caçar animais como cervos, aves e peixes que lhes forneciam carne, couro e plumas que usavam em seus tecidos. A caça era coletiva e o método mais usual era de formar um grande círculo que ia se fechando sobre um centro para onde iam os animais.

Culinária

Os incas cultivavam uma grande variedade de espécies de milho, com os quais faziam diversos tipos de farinhas e massas, utilizando-os também para fazer uma bebida chamada de chicha que era consumida em grandes quantidades. A comida inca consistia principalmente de vegetais, pães, bolos e mingaus de cereais (notadamente de milho ou aveia), e carne (assados ou guizados), comumente de caititus (porcos selvagens) e de lhama.

Moeda

Os Incas não usavam dinheiro propriamente dito. Eles faziam trocas ou escambos nos quais mercadorias eram trocadas por outras e mesmo o trabalho era remunerado com mercadorias e comida.

Medicina

Os incas fizeram muitas descobertas formacológicas. Usavam o quinino no tratamento da malária com grande sucesso. As folhas da coca eram usadas de modo geral como analgésicos, e para minorar a fome, embora os mensageiros Chasqui as usassem para obter energia extra. Outra terapia comum e eficiente era o banho de ferimentos com uma cocção de casca de pimenteiras ainda morna.

Vestuário

O homem inca usava uma túnica sem mangas que descia à altura do joelho e as vezes uma pequena capa. A mulher inca tinha diversas roupas que a cobriam interalmente e todos frequentemente usavam sandálias da couro. Nas estações mais frias todos usavam longos mantos de lã sobre os ombros presos por alfinetes na frente. Os incas gostavam de se adornar. Quanto mais ricos e elaborados os tecidos mais dispendiosos e caros, e acabavam por demonstrar o nível social do usuário. Os incas usavam seus gorros de lã com cores tribais que designavam-lhes as origens. Os homens incas usavam muito mais jóias que as mulheres. Os mais ricos usavam pulseiras de ouro e brincos enormes. Os guerreiros usavam colares feitos com os dentes de suas vítimas.

A Conquista Espanhola

Contexto Incaico na Época da Conquista

Quando Huayna Capac se tornou o imperador inca houve uma guerra de sucessão que algumas fontes sustentam que durou cerca de doze anos. A causa alegada da guerra é que Huayna fora muito cruel com o povo.

Rumores se espalharam pelo Império Inca como fogo sobre um estranho 'homem barbado' que 'vivia numa casa no mar' e tinha 'raios e trovões em suas mãos'. Este homem estranho começava a matar muitos dos soldados incas com doenças que trouxera.

Quando Huayna Capac morreu, o império estava desgastado e ocorreu uma disputa entre seus dois filhos. Cuzco que era a capital havia sido dada para o suposto novo imperador Huascar, que foi considerado como pessoa horrível, violento e quase louco atribuindo-se a ele o assassinato da própria mãe e da sua irmã que forçara a desposá-lo.

Atahualpa reivindicava ser o filho favorito de Huayna Capac, posto que a ele fora dado o território ao norte de Quito (cidade moderna do Equador) razão porque Huascar teria ficado muito bravo.

A guerra civil de sucessão se travou entre os dois irmãos, chamada Guerra dos Dois Irmãos, na qual pereceram cerca de cem mil de pessoas.

Depois de muita luta, Atahualpa derrotou Huascar e então, conta-se, era Atahualpa que estava enlouquecido e violento, tratando os perdedores de forma horrível. Muitos foram apedrejados (nas costas) de forma a ficarem incapacitados, nascituros eram arrancados dos ventres das mães, aproximadamente 1500 membros da família real, incluindo os filhos de Huascar foram decapitados e tiveram seus corpos pendurados em estacas para exibição. Os plebleus foram torturados.

Atahualpa pagou um terrível preço para tornar-se imperador. Seu império estava agora abalado e debilitado. Foi neste momento crítico que o 'homem barbado' e seus estranhos chegaram, cena final do Império Inca.

Este estranho homem barbudo e estranho veio a ser Francisco Pizarro e seus espanhóis da "Castilla de Oro" que capturaram Atahualpa e seus nobres em 16 de novembro, do ano de 1532.

A Verdadeira Conquista

Atahualpa estava em viagem quando Pizarro e seus homens encontraram o seu acampamento. Pizarro enviou um mensageiro a Atahualpa perguntando se podiam se reunir. Atahualpa concordou e se dirigiu ao local onde supostamente iriam conversar e quando lá chegou, o local parecia deserto. Um homem de Pizarro, Vicente de Valverde interpelou Atahualpa para que ele e todos os incas se convertessem ao Cristianismo, e se ele recusasse, seria considerado um inimigo da Igreja e de Espanha.

Como era esperado, Atahualpa discordou, o que foi considerado razão suficiente para que Francisco Pizarro atacasse os incas. O exército espanhol abriu fogo e matou os soldados da comitiva de Atahualpa e, embora pretendesse matar o Inca, aprisionou-o, pois tinha planos próprios.

Uma vez feito prisioneiro, Atahualpa não foi maltratardo pelos espanhóis, que permitiram que ele ficasse em contacto com seu séquito. O imperador inca, que queria libertar-se, fez um acordo com Pizarro. Concordou em encher um quarto com peças de ouro e outro um com peças de prata em troca da sua liberdade. Pizzaro não pretendia libertar Atahualpa mesmo depois de pago o resgate porque necessitava de sua influência naquele momento para manter a ordem e não provocar uma reação maior dos Incas que acabavam de tomar conhecimento dos espanhóis.

Além disto, Huáscar ainda estava vivo e Atahualpa, percebendo que ele poderia representar um governo fantoche mais conveniente para a dominação por Pizarro, ordenou a execução de Huáscar. Com isto, Pizarro sentiu a frustração de seus planos e acusou Atahualpa de doze crimes, sendo os principais o assassinato de Huascar, prática de idolatria e conspiração contra o Reino de Espanha, sendo julgado culpado por todos os crimes condenado a morrer queimado.

Já era noite alta quando Francisco Pizarro decidiu executar Atahualpa. Depois de ser conduzido ao lugar da execução, Atahualpa implorou por sua vida. Valverde, o padre que havia presidido o processo propôs que, se Atahualpa se convertesse ao cristianismo, reduziria a sentença condenatória. Atahualpa concordou em ser batizado e, em vez de ser queimado na fogueira, foi morto por estrangulamento no dia 29 de agosto de 1533. Com sua morte também acabava a "existência independente de uma raça nobre".

A morte de Atahualpa foi o começo do fim do Império Inca.

A instabilidade ocorreu rapidamente. Francisco Pizarro nomeou Toparca, um irmão de Atahualpa, como regente fantoche até a sua inesperada morte. A organização inca então se esfacelou. Remotas partes do império se rebelaram e em alguns casos formavam alianças com os espanhóis para combater os incas resistentes. As terras e culturas foram negligenciadas e os incas experimentaram uma escassez de alimentos que jamais tinham conhecido. Agora os incas já haviam aprendido com os espanhóis, o valor do ouro e da prata e a utilidade que antes desconheciam e passaram a pilhar, saquear e ocultar tais símbolos de riqueza e poder. A disseminação de doeças comuns da Europa para as quais os incas não tinham defesa se disseminaram e fizeram seu papel no morticínio de centenas de milhares de pessoas.

O ouro e a prata tão ambicionados por Pizarro e seus homens estava em todo o lugar e nas mãos de muitas pessoas, subvertendo a economia com enorme inflação. Um bom cavalo passou a custar $7000 até que, por fim, os grãos e gêneros alimentícios acabaram mais valiosos que o precioso ouro dos espanhóis. A grande civilização inca, tal como conhecida, já não existia.

Após a Conquista Espanhola

O Império Inca foi derrubado por menos de duzentos homens e vinte e sete cavalos. Pizarro e os espanhóis que o seguiram oprimiram os incas tanto material como culturalmente, não apenas explorando-os pelo sistema de trabalho de "mitas" para extração da prata potosí, como reprimindo suas antigas tradições e conhecimentos. No que se refere à agricultura, por exemplo, o abandono da avançada técnica agrícola inca acabou instalando uma persistente era de escassez de alimentos na região.

Uma parte da herança cultural foi mantida, tratando-se das línguas Quíchua e Aimará, isto porque a igreja católica escolheu estas línguas nativas como veículo da evangelização dos incas, daí passarem a escrevê-las com caracteres latinos e ensiná-las como jamais ocorrera no Império Inca, fixando-as como as línguas mais faladas entre as dos ameríndios.

Mais Tarde, a exploração opressiva foi objeto de uma rebelião cujo lider Tupac Amaru considerado o último Inca, acabou inspirando o nome do movimento revolucionário do século XX Túpac Amaru (MRTA), e o movimento uruguaio dos Tupamaros. A história de planejamento econômico dos incas e boas doses de Maoísmo são também a inspiração revolucionária do atual movimento Sendero Luminoso no Peru.

 

 

 

 

Fonte: Wikipédia