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O intenso processo de imigração no Brasil, principalmente entre a segunda metade do século XIX e a primeira do século XX, deixou fortes marcas de mestiçagem e hibridismo cultural, constituindo um importante fator na demografia, cultura, economia e educação deste país O povoamento pré-colonial Quando os primeiros portugues aportaram no Brasil, em 22 de abril de 1500, encontraram no território grupos humanos que já viviam ali há pelos menos 10 mil anos. Há diversas teses sobre a origem dos povos indígenas, mas a mais aceita que vieram da Ásia, atravessando o estreito de Bering, que ligava a Sibéria e com a América do Norte. Em 1500, sua população é estimado entre 2 e 5 milhões de indivíduos. O povoamento português
Até a abertura dos portos ocorrida em 1808, o povoamento europeu no Brasil foi quase que exclusivamente português. Mais de 700.000 portugueses se deslocaram para sua colônia americana neste período. O povoamento lusitano começou efetivamente em 1532, a partir da fundação do povoado de São Vicente. A imigração de lusos no período colonial ficou por muito tempo estagnada, tendo em vista que Portugal tinha uma população muito pequena, e era difícil mandar colonos para o Brasil. Entre 1500 e 1700, 100.000 portugueses se deslocaram para o Brasil, a maioria dos quais fazia parte da iniciativa privada que colonizou o País: grandes fazendeiros ou empresários falidos em Portugal que, através da distribuição de sesmarias, tentavam se enriquecer facilmente e retornar para Portugal. A colonização de exploração foi característica da colonização ibérica pois, ao contrário dos colonos anglo-saxões que tentavam uma vida melhor nas Américas, os colonos lusos procuravam enriquecemento rápido e retorno quase imediato à Metrópole. Dedicaram-se principalmente à agricultura, baseada no trabalho escravo, inicialmente efetuado por indígenas, mas sobretudo por escravos africanos No século 18 aportaram no Brasil 600.000 portugueses, atraídos pela exploração de ouro que estava ocorrendo em Minas Gerais. Já não eram exclusivamente fazendeiros e agricultores, ganharam caráter urbano e se dedicaram principalmente à exploração do ouro e ao comércio. No século 19 o Brasil tornou-se independente, dando fim a colonização portuguesa no País, embora a imigração de portugueses continuasse a crescer gradativamente. Escravidão africana Embora freqüentemente não seja vista como uma imigração, a escravidão africana no Brasil foi um movimento imigratório, todavia, foi realizado de forma forçada. Seu início ocorreu na segunda metade do século 16, e desenvolveu-se no século 18 até ser proibida em 1850. Ao todo, entraram no Brasil aproximadamente 3 milhões de africanos na forma de escravos. O povoamento imigrante no Sul
Pintura retratando a chegada dos primeiros Imigrantes alemães ao Brasil, Rio Grande do Sul, 1824 Após a independência, a imigração passou a fazer parte da política Imperial, pois o Sul do Brasil continuava despovoado e alvo da cobiça dos países vizinhos. O governo passou a incentivar a implantação de núcleo de colonos imigrantes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. A partir de então, imigrantes alemães, italianos e, em menor escala, eslavos passaram a ser atraídos para o Brasil. A imigração para o Rio Grande do Sul começou em 1824, com a chegada de imigrantes alemães, que fundaram cidades como São Leopoldo e Novo Hamburgo. Os colonos recebiam 27 hectares de terra na região do Vale do Rio dos Sinos, onde podiam dedicar à agricultura. Pouco mais tarde, os alemães ganharam a região do Vale do Itajaí, em Santa Catarina, onde fundaram cidades como Joinville e Blumenau. No Rio Grande do Sul, a colonização alemã se expandiu na direção dos vales dos rios da depressão central, interrompendo-se nas encostas de serras. A colonização no Sul do Brasil seguiu em ritmo acelerado no entrar da década de 1870, agora efetuada por imigrantes italianos. Todas as colônias foram organizadas da mesma forma: eram divididas em léguas, recortadas no sentido longitudinal por estradas. A maior parte dos colonos se dedicaram à cultura de vinho e ao trabalho nas vinícolas e fundaram cidades como Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Criciúma. No Paraná, a colonização foi efetuada sobretudo por povos eslavos (poloneses e ucranianos), no final do século 19, onde se dedicaram à agricultura nos arredores de Curitiba (nos vales dos rios Negro e Ivaí). Mão-de-obra imigrante no café
Um segundo momento importante da história da imigração no Brasil iniciou-se no final do século 19. Esse novo surto imigratório, incentivado pelo governo e pelos senhores do café, foi provocado com o objetivo de substituir a mão-de-obra escrava pela mão-de-obra imigrante. As fazendas de café (principalmente em São Paulo) atraíram 70% dos mais de 5 milhões de imigrantes desembarcados no Brasil nesse período. Esses imigrantes eram, em sua maioria, italianos, mas também haviam portugueses e espanhóis entre eles. Em 1850, a Lei Eusébio de Queiroz decretava o fim do tráfico de escravos africanos no Brasil. Influenciados pelas teorias racistas que assolavam a Europa, os imigrantistas associavam os negros à indolência e à preguiça e, por isso, precisavam atrair trabalhadores europeus para substituir os escravos. Nas fazendas, organizava-se um sistema de colonato, uma forma de trabalho semi-assalariado. O imigrante e sua família recebiam o salário misto, entre dinheiro e uma pedaço de terra para plantar seu própio sustento. As jornadas de trabalho exaustivas e a exploração por parte dos fazendeiros faziam os imigrantes rapidamente deixarem as colheitas de café e partirem para os centros urbanos, onde se dedicaram ao comércio e à indústria. A imigração no século 20 No século 20 o Brasil passou por um surto de urbanização. Milhares de pessoas deixaram o campo em busca de melhores condições de vida nas cidades, entre eles, muitos imigrantes. Na cidade de São Paulo, por exemplo, os italianos se aglomeraram em regiões como a Mooca e Bela Vista, formando um grande número de imigrantes urbanos. Com isso, cresceu o número de operários trabalhando na indústria brasileira. Os imigrantes europeus trouxeram idéias novas que estavam acontecendo na Europa, como o anarquismo, sindicalismo, socialismo e formaram greves operárias que rapidamente se alastraram pelo país. Imigrantes tipicamente urbanos, como os portugueses, sírios, libaneses e espanhóis se dedicaram em grande parte ao comércio nas cidades. O século 20 também viu crescer o número de judeus desembarcados no Brasil, assim como o início da imigração de japoneses, que alcançou grandes números na década de 1930. A Lei de Cotas e o declínio imigratório A Lei de Cotas foi revulgada durante o governo de Getúlio Vargas, na década de 1930. Para o governo, não havia mais espaço para os operários imigrantes, que traziam consigo uma longa tradição de lutas sindicais e libertárias. Essa lei dizia que só podiam entrar no Brasil até 2% por nacionalidade do total de imigrantes entrados no país nos últimos 50 anos, apenas os portugueses foram excluídos dessa lei. Com isso, a imigração foi gradativamente decaindo no país embora, somando-se às crises econômicas enfretadas pelo Brasil. == Portugueses == Os portugueses foram o maior grupo de imigrantes recebidos pelos Brasil, pois sua imigração remonta o século 16, quando os primeiros colonizadores começaram a se estabelecer no país. Os primeiros povoados portugueses no Brasil foram criados ao longo do litoral no primeiro século de colonização. Porém, uma grande imigração de portugueses para o Brasil teve início no século XVIII, em razão da descoberta de minas de ouro na colônia e a superpopulação de Portugal. Após a Independência, em 1822, a imigração cresceu, mas os portugueses perderam o status de colonizadores e tornaram-se imigrantes comuns. No período colonial (1500-1822) entraram no Brasil aproximadamente 700.000 portugueses, e no período imigratório (1822-1960) aproximadamente 1,5 milhão, totalizando 2,2 milhões de imigrantes portugueses. == Italianos == A imigração italiana no Brasil teve início no ano de 1875. Eram oriundos sobretudo do Norte da Itália (Vêneto, Lombardia, Emília-Romanha, etc), seguidas pelas regiões do Sul (Campânia, Calábria, etc). Imigraram inicialmente devido à pobreza na Itália, que logo se somaram às I e II Guerras Mundiais, perseguições políticas, etc. Chegaram em grande número até 1950, quando entraram aproximadamente 1,6 milhão de italianos no Brasil. Inicialmente se dedicaram à colonização nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná, mas a grande maioria foi trabalhar nas plantações de café no Sudeste (São Paulo, Minas Gerais e Espírito Santo). Com o início do século 20, muitos italianos rumaram para as cidades e se tornaram operários, comerciantes, etc. == Espanhóis == A pobreza e o desemprego no campo foram os responsáveis pela imigração espanhola no Brasil. Começaram a chegar na década de 1880, sendo 75% com destino às fazendas de café em São Paulo. Imigraram em grande número para o Brasil até 1950, período em que entraram cerca de 700.000 espanhóis no país e eram principalmente oriundos da Galícia e Andaluzia. No início do século 20 muitos espanhóis se dedicaram ao trabalho na indústria em São Paulo, onde grande parte dos operários eram espanhóis. == Alemães == A imigração alemã no Brasil ocorreu no período de tempo entre 1824 e 1960, tendo entrado no país aproximadamente 260 mil alemães, sendo a maior parte na década de 1920, quando desembarcaram no Brasil 70 mil alemães. Eram das mais diversas parte da Alemanha, destacando-se as regiões de Hunsrück, Saxônia, Renânia, Holstein e Pomerânia. Concentraram-se sobretudo no Sul do Brasil, onde desde o início do século XIX foram criadas colônias alemães. Os imigrantes recém-chegados da Alemanha recebiam lotes de terra e se dedicavam à agricultura. A imigração foi interrompida entre 1830 e 1844, devido os conflitos no Sul do Brasil. Aproximadamente cem mil alemães foram assentados em colônias agrícolas no Sul do Brasil durante o século XIX, todavia, nem todos se dedicaram à agricultura, também se dedicaram ao comércio nas cidades. Os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina absorveram a maioria dos imigrantes alemães, embora sua presença se faça notar no Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. O século XX viu crescer o número de judeus que, fugindo as perseguições nazistas, encontraram refúgio no Brasil. == Japoneses == A imigração japonesa no Brasil teve início em 1908, quando os primeiros imigrantes desembarcaram no porto de Santos. Imigraram em grande número até 1940, quando entraram no Brasil cerca de 230.000 japoneses. Eram oriundos das províncias do extremo Sul e extremo Norte do Japão. A imigração de japoneses inicialmente foi quase toda voltada para o fornecimento de mão-de-obra nas colheitas de café. Porém, a exploração, falta de adaptação e revoltas dos imigrantes japoneses fez o Brasil cancelar a imigração japonesa. Com o fim da I Guerra Mundial, formou-se um enorme fluxo de imigrantes japoneses partindo para o Brasil, em especial para São Paulo e Paraná, muitos dos quais rapidamente saíram do campo e rumaram para as cidades. == Árabes == A imigração árabe no Brasil teve início no final do século XIX, quando o Imperador Dom Pedro II fez uma visita ao Líbano e estimulou a imigração de libaneses para o Brasil. Líbano e Síria foram atacados e dominados pela Turquia, fazendo com que muitos sírios-libaneses imigrassem para o Brasil, muito dos quais possuíam passaporte da Turquia, e eram muitas vezes confundidos com turcos quando chegavam ao Brasil. Até 1930, cerca de 100.000 árabes entraram no Brasil. A partir do início do século XX a imigração árabe no Brasil cresceu rapidamente, concentrando-se nos grandes centros urbanos, onde se dedicavam sobretudo ao comércio. A maioria dos árabes no Brasil eram cristãos. OutrosOutras correntes imigratórias recebidas pelo Brasil foram: Poloneses, Ucranianos e Russos, que se concentraram principalmente no Paraná; Austríacos, Belgas, Holandeses, Lituanos e Suíços no Sul; Chineses e Coreanos em São Paulo; entre outros Os novos imigrantesEmbora já não receba a grande quantidade de imigrantes que entrara no país no início do século 20, o Brasil é ainda um destino de escolha de diversos grupos de imigrantes, principalmente da Ásia e dos vizinhos da América do Sul. A partir da década de 1970, um grande número de muçulmanos libaneses se refugiaram da guerra no Brasil. No mesmo período, deu-se início a imigração de sul-coreanos e chineses, especialmente para São Paulo onde se dedicaram à confecção de roupas. Desde meados da década de 1990, milhares de bolivianos têm entrado no Brasil, na maior parte de forma ilegal. Estima-se que mais de 200.000 bolivianos estejam vivendo ilegalmente na cidade de São Paulo, muitos deles sendo submetidos à jornadas de trabalho semi-escravas em fábricas de roupa. A partir da década de 1980, devido aos problemas sociais, pela primeira vez na História do Brasil o país passou a mandar trabalhadores para o exterior. As maiores comunidades brasileiras estão nos Estados Unidos da América (750.000 brasileiros), no Paraguai (350.000), Japão (250.000), Itália (65.000), Portugal (65.000), Suíça (45.000) e Inglaterra (30.000).
Fonte: Wikipédia |
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