RELEVO DO BRASIL

Estrutura geológica e relevo brasileiro

  • O embasamento cristalino brasileiro formou-se na era pré-cambriana, a partir do resfriamento do magma que deu origem aos dobramentos ancestrais que passaram a constituir o Escudo das Guianas, as serras do planalto Atlântico e do planalto Meridional. Esses escudos afloram em cerca de 36% do território, sendo que 32% são de formações arqueozóicas e 4% de proterozóica (jazidas minerais metálicos).
  • As bacias sedimentares antigas (Meio Norte, Paraná, Rio São Francisco) começaram a se formar no final do pré-cambriano. Durante o período devoniano, essas bacias foram amplamente recobertos pela transgressão marinha, voltando a emergir no final desse período quando houve a regressão marinha. A Bacia do Paraná foi atingida parcialmente por uma glaciação no final da Paleozóica contribuindo para a formação das jazidas de carvão mineral do RS e SC. Essa bacia sofreu intensa modificação com os derrames vulcânicos dos períodos Jurássico e Cretáceo (Mesozóica) resultando na consolidação do basalto e diabásio, que com o intemperismo ao longo do tempo deu origem à terra roxa.
  • As bacias sedimentares consideradas recentes (Costeiras, Pantanal e Amazônica) começaram a se formar no final da era Mesozóica pelo acúmulo de sedimentos provenientes de outras regiões.

Relevo Brasileiro

Resultado do processo de intemperismo (físico, químico e biológico), da sedimentação das bacias e da ausência de movimentos tectônicos (0 até 200 m = 41%; 200 até 900m = 56%; 900 até 1200m = 2,5%; + 1200m = 0,5%). Classificação

Planaltos do Brasil

No Brasil há planaltos cristalinos (com rochas magmáticas e metamórficas) e sedimentares. Ao Planalto Guiano correspondem parcialmente os Planaltos Residuais Norte-Amazônicos, cuja região serrana apresenta uma crista quase contínua de serras, entre as quais a de Imeri, onde estão os pontos mais altos do relevo brasileiro (que, no geral, é marcado por baixas altitudes), os Picos da Neblina (com 2993,78 metros de altitude) e o de 31 de Março (com 2972,66 m. de altitude). Além de divisores de águas das bacias fluviais do Orinoco (na Venezuela) e do Amazonas (afluentes da margem esquerda, ao norte), servem de fronteiras entre o Brasil e os países vizinhos ao norte (Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa). O Planalto de Borborema divide o Nordeste Oriental em 3 sub-regiões: a Zona da Mata, o Agreste e o Sertão. Os ventos alíseos do Sudeste se carregam de umidade no Oceano Atlântico; as nuvens, ao subir as encostas do Planalto de Borborema, deixam a umidade em suas encostas (de barlavento, voltadas para o mar) – são as chuvas orográficas. Aí está a Zona da Mata com clima tropical úmido e solos de massapé, de grande importância para a lavoura canavieira. É a sub-região mais povoada, urbanizada e industrializada do Nordeste. No alto da Borborema situa-se uma área de transição, o Agreste. Do outro lado da Borborema, na encosta de sotavento, as nuvens já perderam quase toda a umidade contida em seu interior, daí o clima ser o semi-árido, com chuvas escassas e irregulares e a vegetação espinhenta da caatinga. Aí se estabeleceu uma pecuária extensiva desde a época colonial do Brasil, além do plantio de algodão. No Sertão do Nordeste há relevos residuais chamados de “inselbergs” ou “montanhas-ilhas”, originários de erosão diferencial das rochas que as constituem; como, por exemplo, as chapadas do Araripe e do Apodi.

Depressões do relevo brasileiro

Sob o ponto de vista de influência da estrutura geológica nas formas de relevo, ou seja, morfoestruturalmente, na região Centro-Oeste e no Meio-Norte do Brasil surgem as chapadas com seus topos horizontais e declividade acentuada nas bordas. As chapadas do Centro-Oeste, como a dos Parecis e dos Guimarães, são divisores de águas entre as Bacias Amazônica, Platina, do rio São Francisco e do Tocantins. No Nordeste Oriental a Depressão Sertaneja e do rio São Francisco sofreram transgressão marinha, o que contribuiu para a presença de fósseis de répteis gigantescos na Chapada do Araripe e em jazidas de sal-gema (cloreto de sódio encontrado no subsolo). Na época colonial do Brasil, tais jazidas de sal-gema eram chamadas de “barreiros” – elas facilitaram a expansão da pecuária pelo Sertão do Nordeste e pelo Piauí, através dos eixos dos rios São Francisco e Parnaíba. No Sul e Sudeste do Brasil, as depressões desenham um grande, representado pela Serra Geral, separando os terrenos do Planalto Cristalino (continuação da Serra do Mar no sul) dos terrenos do Planalto Arenito-Basáltico. Entre este e o Planalto Vulcânico há uma linha de “cuestas”, relevo dissimétrico produto de erosão diferencial sobre camadas de rochas de resistências diferentes aos agentes externos do relevo. As “cuestas” apresentam uma encosta íngreme de um lado (frente de cuesta) e outra levemente inclinada. Esta escarpa levemente inclinada é constituída de rochas magmáticas metamórficas mais resistentes à erosão; por outro lado, a frente de cuesta é formada de terrenos menos resistentes.

 

Planícies do Brasil

As planícies podem ser continentais e litorâneas. As planícies continentais resultam de acumulação fluvial, daí o nome de planícies aluvionais ou de inundação, como, por exemplo, a do Pantanal e as várzeas amazônicas. Nestas últimas ocorrem as Matas de Igapó (sempre inundadas) e de Várzeas (só inundadas nas cheias). Os solos aluvionais permitem os cultivos de vários produtos nesta área. A outra parte da Floresta Amazônica é a Mata de Terra Firme, nunca inundada situada nos baixos planaltos e depressões da Amazônia. A Planície Costeira é interrompida no sudeste e sul do Brasil pelas escarpas da Serra do Mar, formando costas altas denominadas de falésias ou costões em terrenos cristalinos, como, por exemplo, o Costão do Vidigal (junto à Praia do Leblon, na cidade do Rio de Janeiro) e a falésia de Torres no litoral gaúcho. Os ambientes litorâneos são, em geral, áreas relativamente instáveis, pois neles estão em curso processos constantes, acelerados e intensos de sedimentação e erosão, podendo, por isso, ser facilmente desequilibrados pela ação humana. As planícies litorâneas sofrem dupla sedimentação: ora da erosão dos planaltos na área continental, ora da ação das ondas e das correntes marítimas em litoral baixo, formando praias, restingas, dunas e manguezais.

 

Recursos hídricos brasileiros

O Brasil é um país de fartos recursos hídricos – 35.000 m3 per capita, enquanto na Alemanha é de apenas 1.500 m3 per capita; e possui 15% da água doce do mundo. No entanto, alguns rios já se apresentam bastante poluídos, como os rios Tietê (em São Paulo) e Paraíba do Sul. As bacias fluviais compreendem o rio principal (em nível de altitude mais baixo) e os seus afluentes (em nível mais alto), bem como toda a superfície drenada por eles. A drenagem das bacias fluviais brasileiras é exorréica, isto é, o nível de base do rio principal corresponde ao nível do mar, onde está a foz ou desembocadura dos rios principais. A foz dos rios brasileiros é sobretudo em estuário: deságuam no mar num terminal só. Uma exceção é o rio Parnaíba, entre o Maranhão e o Piauí, que deságua em delta, com várias embocaduras no oceano. Alguns atributos dos recursos hídricos brasileiros e de sua utilização devem ser evidenciados:

  • O Brasil apresenta o terceiro maior potencial hidrelétrico da Terra, visto que a maioria dos seus rios são de planalto. A exceção é o rio Paraguai, que é de planície. Dos 255.000 MW de potencial estão se aproveitando cerca de 25%. O rio de maior aproveitamento hidrelétrico é o Paraná, exatamente para atender à demanda energética do Sudeste. A bacia de maior potencial é a Amazônica.
  • Embora tenha muitos rios navegáveis, as hidrovias representam os meios de transportes menos utilizados em nosso país, ao contrário do que ocorre em países de dimensões continentais, pois são os transportes mais baratos e com maior capacidade de carga.
  • O regime dos rios brasileiros é, em sua maior parte, pluvial. Somente o rio Solimões e parte de seus afluentes são de regime misto, isto é, tem seu volume de águas condicionado às neves da Cordilheira dos Andes e às chuvas.
  • Apenas nas Bacias do Nordeste e pequena parte das Bacias de Leste, onde ocorre o clima semi-árido com suas chuvas escassas e irregulares, na área do Polígono das Secas, é que se localizam rios temporários ou intermitentes, isto é, cujos leitos ficam secos em longas estiagens. Portanto, a maioria dos rios brasileiros é permanente ou perene.

Bacias hidrográficas

Bacia amazônica

É a de maior potencial hidrelétrico do Brasil (105.500 MW) devido aos seus afluentes, sobretudo os da margem direita (ao sul do Amazonas) que, ao descerem dos planaltos, formam cachoeiras e corredeiras. O rio Amazonas é um autêntico rio de planície – o Baixo Amazonas é uma hidrovia natural escoando bauxita (minério de alumínio) para usinas eletrometalúrgicas do Pará. Outra hidrovia importante é do rio Madeira, que faz parte do transporte intermodal para o escoamento das safras agrícolas do norte de Mato Grosso. O transporte intermodal representa a diversificação das diversas modalidades de transportes, segundo uma logística de adaptação maior às condições naturais das regiões servidas por elas (ex: uma região como a Amazônica tem muitos rios navegáveis que podem ser transformados em hidrovias), reduzindo os custos pela maior capacidade de carga e menor consumo de combustível. Além disso, as diferenças de fretes e da velocidade dos meios de transportes ampliam o leque de opções dos produtores no escoamento de suas mercadorias. O maior desastre ambiental da Amazônia foi o da construção da Represa de Balbina, que inundou uma área enorme como a da Represa de Tucuruí produzindo, no entanto, 31 vezes menos energia que a de Tucuruí. Os ambientalistas afirmam que o rio Uatumã deverá acabar com o tempo; a decomposição da floresta submersa pela represa irá matar seus peixes. Grande parte da reserva indígena dos Waimiri-Atroari foi inundada.

       Principais rios: Amazonas, Solimões, Negro, Xingu, Tapajos.

Bacia do Tocantins- Araguaia

É a terceira maior hidrográfica brasileira em potencial hidrelétrico (28.300 MW, depois da Amazônica e a do Paraná). As usinas hidrelétricas desta bacia são a de Tucuruí (a maior da Eletronorte, produzindo 8.000 MW, a maioria subsidiada para as eletrometalúrgicas de alumínio, vorazes consumidoras de energia), no rio Tocantins (PA) e a de S. Félix, no rio Araguaia, entre TO e MT.

Bacia Platina

Bacia do Paraná

É importante pela área drenada (a maior do Sudeste), pela extensão e volume (é o segundo da América do Sul, depois da Bacia Amazônica), pelo aproveitamento hidrelétrico (o maior do Brasil, 61.7% do total) e hidroviário. Dos afluentes da margem esquerda do rio Paraná sobressaem os rios Tietê e Paranapanema. O rio Tietê teve um papel histórico fundamental na conquista bandeirante do interior, no chamado bandeirismo de monções com destino a Mato Grosso e Goiás – naquela época era chamado de Anhembi. Ele banha e abastece (pela Represa de Guarapiranga) a maior metrópole da América do Sul, a cidade de São Paulo, mas por ela é poluído com o lançamento de esgotos domésticos e industriais. O rio Tietê é importante atualmente pelo aproveitamento hidrelétrico e pelo transporte hidroviário, este facilitado pela construção de eclusas (já que é um rio de planalto). As cargas podem ser transportadas de São Paulo a Buenos Aires, na Argentina. Agroindústrias instalam-se junto aos rios Tietê e Paranaíba com seus silos e armazéns, a fim de diminuir os custos de transportes de commodities tanto para o mercado interno como para o externo (Mercosul). As hidrovias apresentam custos menores que os outros meios de transportes (uma empurradora levando quatro chatas carregadas de mercadorias equivale a 240 carretas numa rodovia).

Bacia do rio Paraguai

Uma das características do rio Paraguai (um rio de planície), em quase toda sua extensão, consiste na regularidade apresentada pela variação periódica do seu regime. Os fatores que contribuem para o fato são: a regularidade das chuvas periódicas anuais, a extensa zona de inundação e represamento, representada pela Planície do Pantanal, as chuvas abundantes e o papel armazenador das chapadas de terrenos porosos. Além da importância econômica do rio Paraguai como hidrovia, devemos mencionar o ecoturismo.

Bacia do Uruguai

O rio Uruguai surge da junção dos rios Canoas e Pelotas; seu alto curso é limite entre RS e SC; o médio Uruguai, entre Brasil e Argentina. O Alto Uruguai foi área de colonização mista alemã e italiana; nesta área situam-se cidades importantes pela agroindústria. A Bacia do Uruguai apresenta alto potencial hidrelétrico e poucos trechos navegáveis tendo apenas importância econômica regional.

Bacia Fluvial do São Francisco

No período colonial do Brasil foi fundamental na ligação entre o Sertão Nordestino pecuarista e os centros mineradores do Sudeste. Foi, por isto, denominado de “rio da unidade nacional”. A Bacia do São Francisco é a de segundo maior aproveitamento hidrelétrico (sobressaindo-se na Região Sudeste a Usina de Três Marias, que fornece energia a Belo Horizonte e às siderurgias do rio Doce) e a terceira em potencial (19.700MW). É o rio que abastece a maior parte do Nordeste de energia. O maior projeto de irrigação em seu vale é o de Petrolina-Juazeiro. Embora seja um rio de planalto, o São Francisco é navegável desde Pirapora(MG) até Juazeiro(BA)/Petrolina(PE). A navegação a vapor feita entre estes pontos extremos do rio passou a ser secundária em face das dificuldades da mesma pelo assoreamento, além da construção das hidrelétricas e de rodovias. Hoje se assiste, de novo, à [polêmica da transposição] de 5% da vazão fluvial média do São Francisco para os rios Paraíba, Piranhas e Apodi, interligando-se, por canais de 120 km, com o rio Jaguaribe.

 

 

Fonte: Wikipédia